Enfrentando o BurnOut – Dia 6

Hoje foi o dia mais difícil de escrever aqui.

Achei que o dia estava ganho, tenho feito muitos progressos em todas as áreas. Só que esqueci de vigiar. Como diz lá em Mateus 26:41 “Vigiem e orem para que não caiam em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca.” É sempre assim: quando acho que estou arrasando, capoto.

Acredito que não estou sozinha. Quantas vezes você enfretou um hábito ruim, achou que já tinha conseguido se livrar dele, e de repente viu que não era bem assim? Hábitos são moldados através do tempo e para mudá-los, é preciso de tempo também. Tempo e consistência.

E é isso que pretendo por aqui. É claro que os assuntos vão acabando, mas o que importa é o enfrentamento, a rotina, a quebra de um hábito ruim (não fazer nada), a consistência de sentar-me ao computador todos os dias e escrever.

O dia também foi particularmente difícil pois encerrei novamente um ciclo com minha terapeuta. Já falei sobre isso por aqui, a terapia é cíclica e não é possível seguir com a mesma pessoa sempre. Isso eu tenho plena consciência, mas dela eu sentirei falta.

Vi uma explicação de uma moça outro dia no Instagram sobre amizades na vida adulta x quando criança. Ela abordou o tema de uma forma simples e direta, que vale a pena trazer aqui. Fez muito sentido para mim.

Quando criança, nós fazemos amigos nos ambientes que convivemos. Na escola, por exemplo, passamos metade do dia. Muitas vezes passamos mais tempos com os colegas do que com a própria família. Temos também os vizinhos, aqueles que convivem os mesmos espaços sociais que nós como clubes, associações, praças e etc. Como a convivência ocorre com frequência, fica mais fácil fazer amizade com quem frequenta junto, afinal há a regularidade de se ver toda semana.

Quando somos adultos, já não temos mais as mesmas rotinas. Normalmente, nossos amigos são colegas de trabalho, pois é onde passamos a maior parte do dia. Porém só se torna amizade mesmo se ambos morarem próximos e frequentarem outros mesmos lugares.

Ela disse que a probabilidade de você se tornar amigo de alguem cuja porta fica do mesmo lado da sua do corredor é de 80%. Já quem mora do outro lado do corredor, tem a chance de apenas 20% de fazer amizade contigo. Tudo tem a ver com a localização, com a frequência com que você vê aquela pessoa.

Isso fez muito sentido para mim. Eu não era de ter muitas amizades quando nova, mas conhecia muita gente. Já fiz faculdade, trabalhei em diversos lugares e se eu levei cinco pessoas comigo desse tempo todo foi muito. Estou falando de quase 30 anos vividos. Isso é uma loucura rs

Um dos meus grandes pontos de estresse era justamente esse, a falta de amizades. Eu achava que ninguém me notava nem queria estar comigo. Sempre achei que estava sobrando, que não tinha lugar para mim. E me comportava assim. Me achava feia, dentuça, corpo estranho e sem nenhuma característica interessante.

Eu tenho amizades hoje, convivo com algumas pessoas, mas não é como era antes. Minha melhor amiga mora em outro país. Isso não nos afastou como amigas, mas a falta de convivência é muito cruel.

As amizades nos influenciam muito. São elas que nos mantém focados na vida. Afinal, de que serve conquistar algo tremendo se não tem com quem compartilhar? Fica sem graça, acredite. Eu não entendia o poder de estar entre pessoas até ficar totalmente isolada no meu mundo de mãe.

Pois é, nessa busca do equilíbrio, também estou me reencontrando como mulher. É comum a mulher se esquecer de quem ela é quando se torna mãe. A própria sociedade age de forma a impulsionar isso. Depois que me tornei mãe, já ouvi de parente “não quero saber de você, quero saber deles” e ainda “eu não me importo com você, me importo com eles”. Pode parecer retirado de contexto, mas não deixa de machucar uma mãe em vários níveis.

Além disso, nossas amizades mudam. Quem não tem filho não consegue conviver diretamente com quem tem, pois as rotinas são diferentes, a disponibilidade de tempo e até os assunto. Então seu círculo de amizades muda drasticamente.

Falta de amizades era uma realidade. Outra pior era o fato de eu não ter o hábito de comprar muita roupa para mim, diferentemente da imensa maioria das mulheres. Eu me vestia mal, geralmente usando roupa dada por parente. Ainda não virei a chave 100% do que me fez chegar a esse ponto, mas hoje posso dizer que tomo muito mais cuidado de mim do que antes. Diretamente ligado à autoestima.

Eu tinha muitos sonhos de princesa, de imaginar o príncipe do cavalo branco chegando para me salvar, me tirar do castelo de solidão que eu vivia. Quanta ilusão. Eu mesma estou saindo do castelo, depois de tantos anos trancafiada na torre.

Esse foi um dos grandes aprendizados que tive na trilha do meu autoconhecimento. Eu não devo ficar esperando por um salvador, mas devo ser minha própria salvadora. Sou eu que vou me tirar do buraco, que vou me levantar para sair andando.

Já ouvi aquela história da enchente? Um homem estava em sua cidade quando começou a chover forte. Ele então, para se proteger da iminente enchente, subiu no telhado de sua casa. Ali mesmo começou clamar a Deus para salvá-lo. Nisso, passou um morador da região com um bote e chamou o homem. Ele disse “meu Deus vai me salvar” e não aceitou embarcar no bote. Depois de um tempo passou uma lancha, e a água subindo. “Venha conosco! A chuva está piorando!” “Não vou, meu Deus vai me salvar!” e o homem continuo em seu telhado.

A chuva não deu trégua e a água continuou subindo. Eis que um helicóptero viu o homem no telhado e se aproximou dele. O homem novamente recusou a ajuda, clamando aos quatro ventos que seu Deus iria salvá-lo. Algum tempo depois, esse homem morreu.

Quando subiu ao céu, foi ao encontro de Deus para questionar por que Ele não foi salvá-lo naquela huva terrível. Ao que Deus respondeu “Meu filho, eu mandei um bote e você o dispensou. Mandei uma lancha e dispensou também. Até helicóptero de mandei, e você não quis. Não tinha como eu te ajudar.”

Muitas vezes, a resposta já está aqui, na nossa frente, mas não queremos encará-la. Eu resolvi encarar e estou dividindo essa jornada contigo por aqui.

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Espero que tenha gostado da leitura e até o próximo registro!

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